RIO — A Caoa confirmou, na madrugada deste sábado, que comprou 50% das operações no Brasil da marca automotiva chinesa Chery, e anunciou um investimento de até US$ 2 bilhões nos próximos cinco anos. Em comunicado conjunto, as companhias afirmaram que a montadora, que agora será chamado de Caoa Chery, usará o Brasil como base de exportação para toda a América Latina, a partir das unidades do grupo em Anápolis (GO) e em Jacareí (SP), onde ficava a antiga fábrica da Chery. Após meses de especulações e negociações, as duas corporações se tornam sócias em partes iguais, mas o Grupo Caoa ficará responsável pela administração do negócio.

“A China está migrando de manufatureira para desenvolvedora de tecnologias e marcas próprias. A visão da Chery é de buscar cooperações internacionais e parcerias para crescer e ganhar competitividade global e o Brasil é um país estratégico para alavancar tal crescimento”, diz trecho do comunicado em que foi anunciada a criação da primeira joint venture de uma fabricante de veículos brasileira com uma chinesa.

Segundo a Caoa, a parceria com a Hyundai e com outras marcas não serão afetadas pelo anúncio deste sábado.

“Da parte da Caoa, o acordo possibilitará a introdução de novas tecnologias, além do desenvolvimento de novos produtos”, acrescentou o presidente da Caoa, Mauro Correia, no comunicado.

A Caoa não divulgou quanto pagou para se tornar sócia da Chery. Até sexta-feira, nenhuma das partes no Brasil confirmava o negócio, que só foi oficialmente assinado em evento realizado neste sábado na China, em que a Chery divulgou seu plano estratégico para os próximos anos.

O anúncio marca outro capítulo da retomada de investimentos do setor automotivo no Brasil, que mostra os primeiros sinais de recuperação após sucessivos anos de forte queda. A expectativa da associação de montadoras Anfavea é de alta de 7,4 por cento nas vendas de automóveis e comerciais leves.

Em setembro, a marca sul-coreana de veículos Ssangyong havia anunciado que voltaria a vender no Brasil em 2018, em parceria com a brasileira Venko Motors.

Os movimentos acontecem às vésperas do fim do regime automotivo Inovar Auto, sancionado pelo governo federal em 2012, que elevou o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos veículos importados em 30 pontos percentuais.

Fonte: https://oglobo.globo.com