Conforme explicamos na semana passada, há várias maneiras de calcular o valor de uma empresa pelo Valuation. Os métodos mais tradicionais levam em conta o histórico de performance da empresa nos últimos anos de operação, além de realizar uma previsão do futuro. Porém, como se aplica essa técnica à realidade de uma startup?
Investir em startups vai além da rentabilidade: quando é realizada uma captação, define-se em sua oferta um valor a ser captado e qual a porcentagem societária que ela representa. Assim, para avaliar o investimento, essa porcentagem deve ser analisada com base na situação real do negócio, estimando-se o que ele representa de fato.
Com toda a dinamicidade característica desse tipo de empresa, estabelecer o Valuation pode ser uma árdua missão, até mesmo às empresas que já estão há mais de 5 anos no mercado. Em uma startup, existem fatores que refletem informações interessantes sobre o valor empresa, como a visão do empreendedor, a equipe, as estratégias definidas e o produto desenvolvido.
A visão da startup é fundamental para que o empreendedor saber onde quer chegar. Esse objetivo é o primeiro passo na busca de uma estratégia adequada,, que deve ser construída com a capacidade de conquistar o objetivo final. O time deve ser bem capacitado para colocar tudo isso em prática. Na hora de analisar o Valuation, todos esses aspectos precisam ser considerados, avaliando-se a necessidade de capital e de demanda do investidor. Existem dois métodos comumente aplicados:
1. Método Venture Capital - Método do Capital de Risco
Forma como os fundos avaliam a sua startup. Desenvolvido na Universidade de Harvard, é indicado para startups com ou sem faturamento. Em geral, os fundos de Capital de Risco que investem em startups buscam opções mais maduras, que já englobam faturamento e produto no mercado.
A abordagem trata-se de uma projeção de ganhos quando o fundo fizer o desinvestimento. De forma objetiva, a técnica calcula o valor de saída do investimento, a partir de perguntas que visam à análise dos números x resultados e quanto será obtido de retorno nos próximos anos. Assim, avalia-se se é válido injetar dinheiro em determinadas empresas, verificando a viabilidade financeira. A meta é determinar se o negócio vai ou não gerar retorno aos investidores.
O cálculo dessa Valuation requer:
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Necessidade de capital a ser aportado no desenvolvimento das operações;
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Receita projetada para o ano de saída da operação;
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Margem líquida projetada para o ano de saída da operação.
2. Método de avaliação por Scorecard
Abordagem mais analítica, que depende da visão do avaliador. O método vê de forma mais qualitativa os aspectos do negócio, utilizando um valor inicial determinado pela média dos valores de mercado de startups semelhantes, em fase de desenvolvimento e no local em que ela está inserida. A partir disso, determinam-se fatores que o avaliador julga pertinentes ao bom desempenho de uma startup neste perfil, atribuindo-se um peso a esses fatores, como:
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O empreendedor e o time da startup;
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O mercado consumidor da startup;
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O grau de inovação em relação aos concorrentes;
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Riscos de mercado.
Estabelecidos os fatores e pesos, o avaliador mensura cada um e pontua a startup nos quesitos. No fim, é feita uma média de cada aspecto e, então, a soma de todas as pontuações. Esse cálculo é elaborado segundo o peso dado aos fatores e multiplicando-se pelo valor médio obtido no início do processo por meio da média das startups do local.
Lembre-se sempre de avaliar o investimento com cautela. Aplicar o capital em startups pode ser uma ótima chance de retorno, mas é fundamental investir de forma consciente.