Estou perdendo dinheiro com a poupança?

Uma das principais dúvidas em relação aos investimentos é a poupança. Qualquer pessoa pode ter esse tipo de conta - basta cumprir alguns critérios - e as aplicações feitas podem ser resgatadas imediatamente. Contudo, os pontos positivos da poupança podem ser facilmente superados por outras modalidades, como a aplicação em renda fixa, pois a rentabilidade da poupança tem menor atratividade de investimentos. 

O rendimento da poupança é definido pelo comportamento da taxa básica de juros da economia - a Selic - mais a variação na taxa referencial. Em 2012, foi determinado pelo governo que fosse calculado de modo diferente sempre que o valor da taxa Selic estiver abaixo dos 8,5% ao ano. Assim, existem dois cenários possíveis: se a Selic estiver acima de 8,5% ao ano, a rentabilidade será de 0,5% ao mês mais a taxa referencial; se estiver abaixo dos 8,5% ao ano, então o rendimento será de 70% da taxa Selic. 

Com a taxa Selic em 6,5% ao ano (em 2019), o rendimento segue a regra segundo o cenário, ou seja, 70% da taxa da Selic + TR (0,7 x 6,5 + 0 = 4,55 ao ano). Para saber o rendimento mensal, é só dividir o valor do rendimento anual pelo número de meses do ano. Teremos, assim, um rendimento da poupança no valor de 0,3715% ao mês em 2019. 

A Selic (abreviação de Sistema Especial de Liquidação e Custódia) é a taxa básica de juros da economia no país. Serve de referência ao mercado interbancário para financiamento de operações diárias, difundidas em títulos públicos federais. Assim, é usada pelo governo, sob comando do Banco Central, para manter o controle da emissão, compra e venda de títulos. Já a taxa referencial surgiu na década de 90,  com a finalidade de tentar frear a inflação da época. Ainda que não tenha mais o mesmo prestígio, a TR é essencial à economia brasileira, pois baliza a correção de diversos valores, como o rendimento da poupança, FGTS e Títulos Públicos. Contudo, em setembro de 2017, chegou ao seu menor patamar (0%) e nunca voltou a se recuperar, mantendo esse número até hoje. 

Afinal, de que forma a poupança funciona?

A poupança é uma espécie de empréstimo realizado pelo cliente ao banco, em troca do capital emprestado ele recebe os juros da aplicação. Desse modo, para receber o rendimento mensal da poupança, basta depositar um valor nessa conta e esperar o retorno. Os ganhos são calculados de acordo com taxas mensais e anuais: se for retirado o dinheiro antes da data de aniversário da conta, você perde a rentabilidade. A remuneração dos depósitos de poupança é creditada ao final de cada período de rendimento. Por isso, faça os depósitos antes dos dias 29,30 e 31 de cada mês, pois a rentabilidade de aplicações feitas nesses dias só contabiliza no dia 01. 

Ademais, o cálculo da poupança não incorpora efeitos de inflação para determinar o ganho real e, em alguns casos, o rendimento pode ser incapaz de cobrir a inflação. Nesse contexto, o seu dinheiro está desvalorizando devido à perda de valor da moeda. Por isso, antes de aplicar na poupança, é necessário fazer uma expectativa do ganho real do investimento, o que evita perdas em decorrência da inflação.

A poupança atrai muitos brasileiros por causa de sua praticidade e segurança. Contudo, analisando-se minuciosamente o seu funcionamento, pode-se afirmar que existem maneiras mais benéficas de investir. Outras modalidades contam com liquidez diária (ao contrário da poupança), de maneira que sempre há rentabilidade: todo dia você está ganhando rendimento sobre o valor aplicado, mesmo antes do prazo definido. Em algumas situações, o rendimento da poupança pode ser tão baixo que não é capaz de corrigir a inflação, o que gera perda de poder de compra do investidor. Portanto, é importante avaliar outras alternativas antes de abrir esse tipo de conta.